quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

UMA ESCOLA LITERÁRIA É COMPOSTA POR UM CONJUNTO DE OBRAS E AUTORES COM SEMELHANÇAS ESTILÍSTICAS E TEMÁTICAS QUE PREDOMINAM DURANTE UM DETERMINADO ESPAÇO DE TEMPO.
O TERMO ESCOLA LITERÁRIA É EQUIVALENTE A ESTILO LITERÁRIO OU ESTILO DE ÉPOCA.
ESTILO LITERÁRIO OU ESTILO DE ÉPOCA É O CONJUNTO DE CARACTERÍSTICAS COMUNS A GRANDE MAIORIA DAS OBRAS DE UM DETERMINADO PERÍODO CRONOLÓGICO.
ESTILO PESSOAL É O CONJUNTO DE CARACTERÍSTICAS TEMÁTICAS E ESTILÍSTICAS DE UM DETERMINADO AUTOR.
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CONTEXTO LITERÁRIO

QUALQUER OBRA LITERÁRIA TRAZ EM SI MARCAS DO CONTEXTO EM QUE FOI PRODUZIDA, COMO:
- IDEOLOGIA DOMINANTE NO PERÍODO
- REALIDADE SOCIAL DO PERÍODO
- REALIDADE POLÍTICA DO PERÍODO
- REALIDADE ECONÔMICA DO PERÍODO
- CULTURA DOMINANTE NO PERÍODO
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PERÍODO LITERÁRIO
NA LITERATURA DE LÍNGUA PORTUGUESA (PORTUGAL E BRASIL), EXISTEM TRÊS GRANDES PERÍODOS LITERÁRIOS:
- PERÍODO MEDIEVAL ( SÓ PORTUGAL )
- PERÍODO CLÁSSICO ( PORTUGAL E BRASIL )
- PERÍODO MODERNO ( PORTUGAL E BRASIL )
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PERÍODO OU ERA MEDIEVAL

PERÍODO QUE VAI DO SEC. XII (DATA DOS MAIS ANTIGOS TEXTOS LITERÁRIOS EM PORTUGUÊS) ATÉ O INÍCIO DO RENASCIMENTO NO SEC. XV.
COMPREENDE DUAS ESCOLAS LITERÁRIAS:
- TROVADORISMO: SEC. XII a SEC. XIV
- HUMANISMO: SEC. XV
*
ERA MEDIEVAL
C A R A C T E R Í S T I C A S
- TEOCENTRISMO
- FEUDALISMO
- DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICA
- MISTICISMOIRRACIONALISMO
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PERÍODO OU ERA CLÁSSICA

PERÍODO QUE VAI DO SEC. XVI QUANDO OCORRE O RENASCIMENTO ATÉ A QUEDA DAS MONARQUIAS ABSOLUTISTAS NO FINAL DO SEC. XVIII.
COMPREENDE TRÊS ESCOLAS LITERÁRIAS:
- CLASSICISMO: SEC. XVI
- BARROCO: SEC. XVII
- ARCADISMO/NEOCLASSICISMO: SEC. XVIII
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ERA CLÁSSICA
C A R A C T E R Í S T I C A S
- RENASCIMENTO
- ANTROPOCENTRISMO
- MERCANTILISMO
- ABSOLUTISMO MONÁRQUICO
- CIENTIFICISMO
- RACIONALISMO
- REFORMA E CONTRA REFORMA
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PERÍODO OU ERA MODERNA
PERÍODO QUE COMEÇA COM A ASCENSÃO DA BURGUESIA NO FINAL DO SEC. XVIII E SE ESTENDE ATÉ OS DIAS ATUAIS.
COMPREENDE AS SEGUINTES ESCOLAS LITERÁRIAS:
- ROMANTISMO - SEC. XIX (1ª metade)
- REALISMO/NATURALISMO - SEC. XIX (2ª metade)
- PARNASIANISMO ( BRASIL) - SEC. XIX (2ª metade)
- SIMBOLISMO - SEC. XIX ( final )
- PRÉ-MODERNISMO (BRASIL) - SEC. XX ( início )
- MODERNISMO ( 1º, 2º e 3º tempo) - SEC. XX
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ERA MODERNA
C A R A C T E R Í S T I C A S
- REVOLUÇÕES FRANCESA E INDUSTRIAL
- QUEDA DA MONARQUIA
- ASCENSÃO DA BURGUESIA
- INDIVIDUALISMO
- VISÃO COMERCIAL DA ARTE
- RUPTURA E EXPERIMENTAÇÃO ARTÍSTICA
- PSICANÁLISE
- INVESTIGAÇÃO EXISTENCIAL
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FONTE: www.cvnsg.com.br/recursos/file/.../esolas_literarias.ppt

O QUE É LITERATURA?


MARCELO MACIEL DE ALMEIDA

Os textos em questão visam a uma tentativa de definir literatura. O primeiro texto é uma breve resenha de "O Conceito de Literatura", de Gustavo Bernardo, in JOBIM, José Luís (org) INTRODUÇÃO AOS TEXTOS LITERÁRIOS. Rio de Janeiro: ed UERJ, 1999.

No texto "O Conceito de Literatura", Gustavo Bernardo, inicialmente, analisa um quadro de Pablo Picasso. É interessante salientar que, na obra em questão, o desenho de um centauro foi feito sem que se tirasse o lápis do papel.
Um outro aspecto interessante abordado por Bernardo é a "economia dos meios", sendo que toda técnica deve buscar "movimentos" que levem ao efeito final.
Partindo de tais premissas, o autor nos pergunta o que é a literatura e o porquê de alguém se interessar por uma determinada obra. A definição de literatura, como se percebe, remete-nos a questões filosóficas da existência do ser. Quando nos definimos como ser, o fazemos de forma vaga, imprecisa. Assim, percebemos que, qualquer conceito é uma ficção.
Habilmente, Gustavo Bernardo lança-se do poema "Autopsicografia" para resgatar o conceito de mímese. Em síntese, a "dor" sentida pelo poeta, que em um primeiro momento parece ser fingida, ajuda aquele a lidar com a dor que "deveras sente", com os seus sentimentos.
É bastante interessante a análise do adágio latino mundus vult decipi, decipiatur ergo (o mundo quer ser enganado, logo que o seja). Tal adágio permite-nos vislumbrar o conceito de ficção aliado à possibilidade de "vivermos uma determinada história". O escritor, "brincando com as palavras", permite viver fantasias, tornado-as públicas. O leitor identifica-se ou não com uma determinada personagem, inserindo-se num mundo, a priori, fictício (mundo fictus).
Em "O Conceito de Literatura", o leitor é questionado sobre os valores da literatura. Mais do que conceituá-la, busca-se atribuir-lhe um valor lúdico, ou institucional. Não há uma resposta "pronta e acabada" para defini-la. Pelo contrário, o autor finaliza seu texto com uma pergunta tal como na maiêutica socrática. Se a literatura é ficção, ela tem comprometimento com o real? Visa ao lúdico, ao entretenimento? Tem utilidade? Creio que para responder a cada uma destas questões deverá o leitor fazê-lo por si mesmo, a partir de sua inserção no "mundo da leitura". E, assim, cada um de nós, elaborará um conceito peculiar. Mais importante que definir literatura é sua vivência, são as reações que cada obra proporciona a seu leitor.

Texto publicado inicialmente no síteio Templo XV em 29/8/2004:(
http://www.temploxv.com.br/obraxv.aspx?idObra=877&Entidade=3&idAutor=612)


"A arte é o espelho social de uma época" (Raul Seixas)

Literatura (litera, ae): "letra do alfabeto, caráter da escrita". Por extensão, "ciência relativa às letras ou à arte de escrever". Devemos lembrar, contudo, que boa parte da produção poética era oral.

Caraterísticas de um texto literário
Como dizia Aristóteles, os fatos apresentados no texto literário não fazem necessariamente parte da realidade. Assim, a ficção (a simulação, o fingimento, a criação ou invenção de coisas imaginárias, a fantasia) é um componente da Literatura.
As palavras, no texto literário, podem assumir vários significados (plurisssignificação).
A literatura tem caráter subjetivo, ou seja, está associada à "expressão pessoal de experiências, emoções, sentimentos". Subjetivo é aquilo que é relativo ao sujeito, individual, pessoal, particular.
É importante observar, além do conteúdo formal, as condições de produção de uma dada obra, ou seja, os dados referentes ao momento histórico, cultural e social da criação da mesma.

Alguns elementos importantes no estudo do texto literário
* Estilo de época: conjunto de traços e normas que orientam e caracterizam a produção artística de um determinado momento histórico.
* Historiografia literária: estudo das escolas e épocas.
A cada estilo de época corresponderá uma escola literária, ou seja, um conjunto de características formais e de seleção de conteúdo evidente na obra de escritores e poetas que viveram em um mesmo momento.
***
Alguns textos literários que refletem a própria arte literária - A Metalinguagem
***
PROCURA DA POESIA
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
*
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
*
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro são indiferentes. Nem me reveles teus sentimentos, que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
*
Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem; rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.
*
O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.
*
Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.
*
Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.
*
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície inata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um realize e consuma
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
*
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
*
Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
***
***
O LUTADOR
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
*
Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entretanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio, apareço e tento
apanhar algumas
ara meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.
*
Insisto, solerte.
Busco persuadi-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.
*
Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssimas
e viram-me o rosto.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangue...
Entretanto, luto.
*
Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste descampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dentenessa pele clara.
Preferes o amor
de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tortura.
corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento.
Não encontro vestes, não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculos
e ri-se das normasda boa peleja.
*
Iludo-me às vezes,
pressinto que a entrega
se consumará.
Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
aquela sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.
Mas ai! é o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.
*
O ciclo do diaora se conclui
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.
***
***
QUE É POESIA?
CASSIANO RICARDO
*
Que é Poesia?
uma ilha
cercada
de palavras
por todos os lados.
*
Que é o Poeta?
um homem
que trabalha o poema
com o suor de seu rosto
um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.
***
***
AUTOPSICOGRAFIA
FERNANDO PESSOA
*
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
*
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
*
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
***
***
REFERÊNCIAS:
http://www.pucrs.br/gpt/poesia.php (Como ler e escrever poesia)

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