sábado, 3 de abril de 2010

O que estamos estudando em Literatura?

Análise do livro "O Primo Basílio", de Eça de Queirós

Do Stockler Vestibulares*
Este "episódio doméstico", conforme o clas sificou Eça de Queirós, pretende mostrar a todos, de maneira exemplar, a tese da corrupção da família, vista como uma instituição burguesa, salientando-se a família da média burguesia lisboeta, que tem seus valores fundamentais atacados pelos escritores realistas.

Não vemos, contudo, consistência psicológica nas atitudes de Luísa, que é tomada pelo medo, e não pelo amor. Ela trai seu marido arrastada pelas circunstância, como se fosse um joguete nas mãos do destino, como se não tivesse domínio sobre si mesma. Machado de Assis chegou a recolocar, de forma irônica, a tese defendida por Eça em sua obra: diz que a boa escolha de criados é uma condição de paz no adultério.

Em princípio, Luísa, Basílio e Jorge são as peças do questionamento do casamento, que ocorre através do adultério, e constituem-se nos principais personagens da história.

Analisando-os, começamos por encontrar uma Luísa frágil, incapaz de agir e refletir, o que é atribuído, no decorrer da obra, de forma absolutamente naturalista, à ociosidade da vida que leva e ao temperamento romântico que mantém, constantemente alimentado pelas leituras de Walter Scott e de outros romances "água com açúcar", que lhe proporcionam devaneios, como no caso de "A Dama das Camélias", de Alexandre Dumas.

Assim, os sinais naturalistas já começam a se misturar aos realistas nesta obra. Notamos em Luísa, de um lado, a crítica realista à sentimentalidade romântica. Por outro, surge um certo esvaziamento psicológico, do qual brota um caráter que é colocado como móbil, inconsciente, cheio de deixar-se ir. Isso parece até um exagero das tendências naturalistas, que se mostram muito fortificadas nessa obra de Eça.

Basílio é mais um tipo do que, propriamente, uma pessoa, como ocorre com Luísa e a maioria dos personagens. Ele mostra a sua irresponsabilidade, o cinismo, a mania de grandeza, de ser superior a tudo e a todos, mantendo uma relação de uso com as mulheres e com o país. É um janota, um almofadinha, um homem classificado como maroto e sem paixão, que não apresenta justificação para sua tirania, já que o que deseja é apenas e tão-somente uma aventura, o amor de graça, como diz o escritor Teófilo Braga.

Jorge é marcado por uma personalidade pacata. É manso, dividindo-se entre seu papel de homem casado e o de engenheiro, diante da sociedade, e aquilo que sente de verdade, no fundo de si mesmo. Isso justifica sua truculência radical ao exprimir sua primeira opinião a respeito do adultério, sua aversão à vida desregrada que Leopoldina leva, sua cobrança, em relação à carta de Basílio, apesar de Luísa se encontrar extremamente adoentada. Por outro lado, ele muda de opinião e perdoa Luísa, devido ao desespero, pois não deseja vê-la partir desta vida.

Esses personagens típicos da média burguesia lisboeta somam-se a alguns personagens secundários. O Conselheiro Acácio caracteriza-se, de acordo com Eça, pelo formalismo oficial e representa o covencionalismo bem-sucedido, o vazio ou vacuidade premiada, na exata proporção em que carrega, além do título de Conselheiro, obtido por uma carta régia, também a nomeação de Cavaleiro da Ordem de São Tiago, justamente por todas as obras sem utilidade e supérfluas escritas por ele, como a "Descrição das principais cidades do reino e seus estabelecimentos". Já Dona Felicidade é a imagem de beatice boba, com seu temperamento irritadiço. Ernestinho retrata o azedume do descontentamento; Julião Zuzarte, às vezes, é até um bom rapaz. Sebastião, contudo, é considerado dono da força de um ginasta e da resignação de um mártir.

Outra marca naturalista de "O Primo Basílio" é a presença das classes socialmente inferiores, com sua aversão devastadora aos mais abastados. Aparecem Paula, o patriota, que detesta padres e mulheres, a carvoeira que é imunda e disforme de obesidade e prenhez, as estanqueiras, que têm um carão viúvo, personagens que servem de exemplo da vizinhança que cerca Luísa e Basílio. Além desses, temos a figura de Tia Vitória, que é uma ex-inculcadeira ou ex-alcoviteira, profissional na arte de orientar criados contra patrões. Empresta dinheiro aos que estão desempregados, guarda as economias daqueles que as têm, providencia que sejam escritas correspondências amorosas, para as domésticas que não estudaram, vende vestidos de segunda mão, aluga casacas, aconselha colocações, recebe confidências, dirige intrigas, entende de partos.

São estes, como frequentadores da residência de Luísa e Jorge, personagens secundários apresentados com traços de grande força naturalista. A expressão máxima deles, contudo, reside em Juliana, que mostra o caráter mais completo e verdadeiro do livro, o mais íntegro, inteiro, de acordo com a opinião de Machado de Assis. Da forma como se destaca no desenvolvimento do enredo, ela termina por ter que ser considerada um dos personagens principais, embora tal análise fuja da postura realista - uma empregada doméstica ser considerada personagem de maior importância na história.

Sintetizando os traços mais marcantes de Juliana Couceiro Taveira, devemos começar pelo seu suplício de estar servindo há mais de vinte anos, sem que se acostume a fazê-lo; não nasceu para servir e, sim, para ser servida. Passado azedume, do gênio embezerrado, para as desconfianças, a maldade, o ódio irracional e pueril pelas patroas para as quais trabalha, rogando-lhes pragas. Costuma cantar a "Carta da Adorada" e usar a expressão "récua de cabras", quando se entristecia.

Juliana é invejosa, curiosa, gulosa, e encontra, em casa de Jorge e Luísa, o grande segredo de que sempre precisou. Apossando-se dele, desforra na "piorrinha" - é assim que chama Luísa, ironicamente, toda a mágoa que acumulara no decorrer dos anos, inclusive a de ter conservado sua virgindade, a qual ela comparava com a "devassidão da bêbeda". A empregada tem um vício, que é o de trazer o pé sempre muito bonito, enfeitando-o com botinas e expondo-as no Passeio Público.

Essa personagem, enfim, é um claro exemplo da utilização do estilo naturalista bem-sucedido no livro, opondo-se à inconsistência de Luísa e de todos os outros personagens, que são excessivamente caricatos, modelares, exemplos sumários das teses da literatura do Naturalismo.

O foco narrativo aparece em terceira pessoa, e revela um narrador onisciente. Percebemos sua postura irônica, crítica, reforçando defeitos e vícios de certos personagens, o que não permite que seja imparcial.

O tempo é cronológico, com uma sequência praticamente linear. Surgem quebras, quando Luísa recorda o passado, passando pelo namoro com Basílio e o casamento com Jorge, ou quando o passado de Juliana é revelado pelo narrador aos leitores, a fim de que estes possam compreender melhor a revolta dela.

O espaço está concentrado em Lisboa. Os males que desagregam a sociedade são mostrados no romance. Surgem a decadência moral, a ociosidade, o relacionamento de superfície, o uso das aparências e das convenções, o tédio disfarçado pela aventura, os abusos da sexualidade, a hipocrisia, e assim por diante.

"O Primo Basílio" conta a história de Luísa, jovem sonhadora e ociosa da sociedade lisboeta, que acaba envolvida por Basílio, seu primo, com quem se reencontra, após anos de distância. Achando-a sozinha, já que Jorge, o marido, viajara a negócios, Basílio serve-se de sedução e galanteios, até levá-la a se envolver profundamente consigo, tornando-se sua amante. Juliana, a criada, descobre a correspondência trocada por ambos e chantageia a patroa.

Após sofrer muitas humilhações e ter que se submeter aos caprichos da crudelíssima criada, Luísa consegue, ajudada por um amigo, reaver as cartas; e Juliana, pressionada a entregá-las, ante as ameaças, acaba morrendo do coração. Após tanto sofrimento, Luísa adoece. Basílio, de há muito, encontra-se longe de Lisboa. Jorge regressa ao lar. Certo dia, chega uma carta do primo para a esposa e o marido intercepta a correspondência e toma conhecimento de tudo que ocorrera.

Desesperado e sofrendo demasiadamente, ainda assim Jorge resolve perdoar Luísa. Ela, no entanto, piora muito ao saber que o marido descobrira tudo o que fizera de errado, e vem a falecer. A reação de Basílio, ao saber da morte dela, é de pesar, por ter perdido sua diversão em Lisboa. Destaca-se, ainda, na obra, a figura do Conselheiro Acácio, amigo do casal, caricatura repleta de formalismo e hipocrisia.

A obra, um dos clássicos da literatura, é de Eça de Queirós.

Personagens do livro "O Primo Basílio":
  • Jorge - é engenheiro e trabalha no Ministério das Obras Públicas. Bonito, tem a barba curta, muito fina e frisada. Veste-se com gosto, aprecia a ordem. Não é muito sentimental, não vai a botequins, não faz noitadas com amigos, mantendo-se sério desde que era solteiro, em seus tempos de estudante.

  • Luísa - moça loira, tem olhos castanhos. Sua vida é muito vazia e torna-se uma mulher fútil. Até a chegada de Basílio, não carrega arrependimentos nem culpas. Está sempre em sua casa, apegada a sua leituras românticas. É amiga de Leopoldina, uma mulher leviana e devassa.

  • Basílio - é primo de Luísa e foi seu namorado, em tempos anteriores. Pedante, convencido, é cínico demais, aventureiro, conquistador. Os cabelos são pretos e anelados, mas já apresentam alguns fios brancos. Seu bigode é pequeno e lhe dar uma ar de coragem, orgulho e atrevimento. Sabe cantar bem e seduz com perseverança e experiência.

  • Sebastião - é um amigo íntimo de Jorge. É a única figura realmente boa e decente, dentre os que frequentam a casa de Jorge e Luísa. Conservador, tímido, acanhado, mostra-se um pouco antiquado para a época.

  • Julião - é um parente afastado de Jorge. Fala mal de tudo e de todos. É contra o governo, o sistema, a justiça do mundo. Quando recebe um cargo público, porém, as aparências se alteram. Torna-se então, um "amigo da ordem".

  • Acácio - é aparentemente sério, excessivamente moralista, contudo mantém relações sexuais com sua empregada. Importante é que se mantenha o sigilo desses seus dois lados, pensa ele, mantendo-se as aparências. Formalíssimo, educadíssimo, adora usar frases feitas;

  • Ernestinho: é primo de Jorge. Seu sobrenome, Ledesma, dá-lhe um ar ridículo, de lesma pegajosa. É pequeno, pálido, romântico, escreve seguindo o interesse do público. A peça "Honra e Paixão", escrita por ele, é um dramalhão de caráter romântico. De vontade fraca, não tem estilo próprio.

  • Juliana - personagem de peso, a mais complexa e elaborada de toda a obra, ela impressiona por sua vida interior. Magra, feia, solteirona, virgem, empregada há muitos anos, sente-se desesperada ao perceber que não terá meios para deixar essa condição de vida. Quer progredir, mudar sua posição social, e fica arrasada todas as vezes em que vê seus sonhos frustrados. Cada vez mais, azeda-se, odeia crescentemente.

    Em sua revolta, assim como na de Julião, existe apenas uma atitude pessoal, individualista, egoísta, de quem quer resolver os próprios problemas econômicos, progredir socialmente, sem preocupações classistas. Recebeu apelidos sugestivos como a "tripa velha", "a isca seca", "a fava torrada", "o saca rolhas". O determinismo marca-a, mostrando que não teria possibilidades de um novo destino, o que faz dela um exemplo de personagem negativista, pessimista, retrato do Naturalismo.

    AULA DE TEORIA LITERÁRIA

    AULA DE TEORIA LITERÁRIA
    MARCELO MACIEL DE ALMEIDA

    Dedicado à professora PhD. Joana Luíza Muylaerte Araújo

    Tua mais pura singela arte, aprendi a amar-te
    Teu perfume etéreo, indelével, está em toda parte
    Vivemos metamorfoseados em uma identidade cultural da pós-modernidade
    Joana, Ana, Luíza, muy bela arte

    Meu Complexo de Édipo, a construção de um eu profundo e outros eus
    Somos kafkianos, Gregor Samsa, dentre outros - vivemos na ilusão de uma completude
    Todos temos um coração delator, vivemos entre gatos pretos, somos filhos de Poe
    William Wilson, a sombra de um eu profundo e um outro eu

    Tua arte, teu amor pelo teu ofício, aprendi amar-te
    Um amor sublime, um amor fraterno, um amor entre dois amantes
    Quantas vezes pressenti teu perfume em outrem?

    Muy bel'arte, és prosa, verso e cinema
    Teu perfume impregna em mim, amo-te sem limites e pudores
    Muy bel'arte, bela a arte, Muylart



    sexta-feira, 2 de abril de 2010


    LES ENFANTS
    Marcelo Maciel de Almeida

    Ah, que saudades de minha infância querida!
    Que os tempos não trazem de volta, mas não saem de minha memória
    Não havia Internet, sequer tinha eu um PC
    Brincávamos de bola na praça do quartel,
    Esconde-esconde na vizinhança, pique-pega e outras infantilidades


    Infantilidades, mas não futilidades
    Não havia mp3, mp4 e o diabo a quatro
    Nem se sabia o que era um celular
    Ah, que saudades dos meus tempos de criança!


    Que saudades eu tenho do meu Atari,
    Dos campeonatos de Decathlon
    Não me acostumo com os novos video games
    Saudades das canções infantis, quantas saudades de minha infância querida
    Balão Mágico, Arca de Noé, Xuxa, Trem da Alegria, Saltimbancos...
    As músicas eram realmente para crianças

    Meu irmão nasceu já com a Internet
    Não o vi brincar na rua como eu o fiz outrora
    Que saudades eu tenho de minha infância querida!
    Dos vinis que já não ouço mais, pois a vitrola não há mais

    Voltar a ser criança, sempre
    Ouvindo compact discs dos antigos vinis
    Não perdendo o tom pueril na já segunda idade
    Não deixo de ser criança

    Saudades de meus amigos vizinhos
    Muitos mudaram-se, mas ficaram na memória

    Saudades do meu skate e dos tantos tombos
    Da minha bicicleta, que hoje ainda tenho

    Minha mãe me diz que sou criança
    Isso não me envergonha
    Não quero deixar de ser criança
    Espero ainda um dia que o mundo volte à sua infância!

    terça-feira, 30 de março de 2010

    ROMANTISMO EM PORTUGAL E NO BRASIL

    • INÍCIO DO ROMANTISMO: final do século XVIII, na Alemanha e na Inglaterra, passando pela França e, aos poucos, espalhando-se por toda Europa de onde se difundiou para a América
    • FIM DO ROMANTISMO: primeira metade do século XIX, quando apareceram as primeiras manifestações realistas.

    CONTEXTO HISTÓRICO:

    • Disputas de poder e revoluções;
    • REVOLUÇÃO FRANCESA: Consolidou a transferência do absolutismo para o liberalismo;
    • Ascenção da burguesia.

    CARACTERÍSTICAS:

    • Individualismo: O "eu" é a figura principal; predomínio da primeira pessoa;
    • Emoção: subjetivismo, imaginação, desejos, expressão do "eu interior";
    • Escapismo ou evasão: refúgio na natureza, lugar ainda não corrompido; nos sonhos, substituindo as dores da vida real; na morte, vista como algo positivo e constantemente inovcada; vida boêmia; culto da solidão; gosto pelo passado, lugares exóticos e mórbidos;
    • Liberadade de criação: abandono das formas fixas dos modelos clássicos (ode, soneto, decassílabos, etc.); abandono das rimas e valorização dos versos brancos (versos não rimados); mistura dos gêneros; neologismos (palavras novas); aproximação da linguagem literária da coloquial;
    • Nacionalismo: valorização da pátria, dos heróis nacionais e do passado histórico. Portugal: cavaleiros e heróis medievais; Brasil: "mito do bom selvagem" - índio idealizado, sempre bom, forte e bonito;
    • Religiosidade: opõe-se ao paganismo da escola anterior; redescobrem-se as fontes bíblicas, principalmente as derivadas do cristianismo;
    • Idealização do amor e da mulher: Amor - essência da vida, sentido de tudo; mulher - objeto do amor romântico, divinizada, cultuada, misteriosa, pura (virgem).

    ROMANTISMO EM PORTUGAL

    • INÍCIO DO ROMANTISMO EM PORTUGAL: 1825, com a publicação do poema Camões, de Almeida Garret.
    • FIM DO ROMANTISMO EM PORTUGAL: 1865, Com a Questão Coimbrã, que marca o início do Realismo.

    GERAÇÕES OU MOMENTOS DO ROMANTISMO PORTUGUÊS (autores e obras):

    • Primeiro momento: autores ainda presos a certos valores neoclássicos: Almeida Garrett (Camões, Folhas Caídas, Viagens na minha terra, Um auto a Gil Vicente, Frei Luís de Sousa) e Alexandre Herculano (Eurico, o presbítero);
    • Segundo momento (Ultra-romantismo): Intensificação das características românticas, que são levadas ao exagero: Soares de Passos (O noivado no sepulcro) e Camilo Castelo Branco (Amor de Perdição);
    • Terceiro momento: Prenúcio do Realismo, distanciamento das características românticas do período inicial: João de Deus (Campos de flores) e Júlio Diniz (As pupilas do senhor reitor).

    ROMANTISMO NO BRASIL

    • INÍCIO DO ROMANTISMO NO BRASIL: 1836 - publicação de "Suspiros poéticos e saudades", de Gonçalves Magalhães e da Revista Niterói, na França;
    • FIM DO ROMANTISMO NO BRASIL: 1881 - publicação de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", romance realista de Machado de Asiss e publicação de "O Mulato", romance naturalista de Aluísio de Azevedo.

    AS GERAÇÕES ROMÂNTICAS NO BRASIL (POESIA)

    • Romantismo brasileiro - dá início à chamada Era Nacional da nossa literatura:

    • ERA NACIONAL DA LITERATURA BRASILEIRA:
    • ROMANTISMO (séc. XIX)
    • REALISTMO-NATURALISMO (séc. XIX)
    • PARNASIANISMO (séc. XIX)
    • SIMBOLISMO (séc. XIX)
    • PRÉ-MODERNISMO (séc XIX)
    • MODERNISMO (séc. XX)

    AS GERAÇÕES ROMÂNTICAS NO BRASIL (POESIA):

    • PRIMEIRA GERAÇÃO - NACIONALISTA OU INDIANISTA: lusofobia; valorização da pátria, dos heróis nacionais e do passado histórico; autores: Gonçalves de Magalhães (Suspiros poéticos e saudades) e Gonçalves Dias (Canção do Exílio, I-Juca Pirama);
    • SEGUNDA GERAÇÃO - ULTRA-ROMÂNTICA OU "MAL DO SÉCULO": angústica, dor, escapismo, infância e morte ("mal do século); autores: Álvares de Azevedo (Lira dos XX anos; Noite na Taverna); Casimiro de Abreu (Meus oito anos) e Fagundes Varela.
    • TERCEIRA GERAÇÃO - SOCIAL E LIBERTÁRIA - "CONDOREIRA": aprofundamento do espírito nacionalista, do liberalismo e da poesia social e libertária (condor= ave que consegue voar acima da Cordilheira dos Andes); autor: Castro Alves, o poeta dos escravos, cujos temas eram a escravidão, a república e o amor erótico (Navio Negreiro).

    ROMANTISMO NO BRASIL (PROSA):

    TIPOS DE ROMANCE (ambientação, temática e autores):

    • Corte: romances urbanos (retratavam a vida social da época sem grande aprofundamento psicológico; cenário: cidade grande, a corte; falava da vida social do RJ, de suas festas, os saraus e de passeios no campo ou no litoral);
    • Província: romances regionalistas (relacionamento do homem com o ambiente físico, descrevendo várias partes da paisagem brasileira), históricos e indianistas (valorização de nossas origens, transformando as nossas personagens em grandes heróis - índio = "bom selvagem").

    ROMANCES URBANOS (autores e obras):

    • Joaquim Manuel de Macedo (A Moreninha);
    • José de Alencar (Senhora);
    • Manuel Antônio de Almeida (Memórias de um sargento de milícias).

    ROMANCES REGIONALISTAS (autores e obras):

    • José de Alencar (O gaúcho);
    • Bernardo Guimarães
    • Visconde de Taunay
    • Franklin Távora

    ROMANCES HISTÓRICOS (autores e obras):

    • José de Alencar (As minas de prata)
    • Visconde de Taunay

    ROMANCES INDIANISTAS:

    • José de Alencar (Iracema, Guarani, Ubirajara)

    O TEATRO ROMÂNTICO

    • Martins Pena: comédias de costumes - crítica a muitos aspectos da vida brasileira da época. Obra: O Noviço.

    ATIVIDADE:
    Leia, com atenção, os dois textos abaixo e responda, por meio de comentários às questões a seguir:

    01- Como é a visão da mulher nos dois textos?

    02- Retire dos dois textos alguns exemplos de figuras de linguagem.

    03- A que gênero literário pertencem os dois textos? Justifique.

    04- Que funções de linguagem estão presentes nos dois textos?

    05- Qual dos dois textos aproxima-se da visão do amor nos dias atuais?Justifique sua resposta?

    06- Que características românticas você encontra no texto "Minha Musa"?

    07- Qual é a sua concepção de mulher (ou homem) ideal em um namoro? Justifique sua respostas.

    08- O que você entende pela expressão "martela o martelão" no texto "Cerol na mão".

    09- Em sua opinião, quem deveria tomar iniciativa em um namoro - o homem ou a mulher? Por quê?

    10- Faça um poema que tenha como tema o relacionamento amoroso e envio-o para o e-mail mmacieldealmeida@yahoo.com

    MINHA MUSA
    MARCELO MACIEL DE ALMEIDA
    À Eithne Ní Bhraonnain, minha eterna musa

    Pintaste o céu com estrelas
    de todas, és a mais bela!

    Quando escrevo, penso sempre em ti
    e vôo até as estrelas!

    Minha doce Musa, Menina peregrina
    Amar-te é meu único fado...

    Doce estrela celta, doce canto etéreo,
    Abraçar-te é meu único desejo...

    Guardo-me para ti, para um dia poder tocar-te,
    como toco as teclas de um piano!!!

    Amada, Estrela celeste, Bardo incansável
    Da tua torre de marfim, compuseste os sons mais puros e límpidos!!!

    Meu amor por ti é infinito!
    Se pintar o céu com estrelas é teu doce ofício,
    o meu é contemplar este céu azul caribenho...

    CEROL NA MÃO
    BONDE DO TIGRÃO
    Quer dancar, quer dancar
    O tigrao vai te ensinar
    Quer dancar, quer dancar
    O tigrao vai te ensinar
    Vou passar cerol não mão
    Assim Assim
    Vou cortar você na mão
    Vou sim vou sim
    Vou aparar pela rabiola
    Assim Assim
    Vou trazer você pra mim
    Vou sim vou sim
    Eu vou cortar você na mão
    Vou mostrar que eu sou tigrão
    Vou te dar muita pressão
    Então martela, martela
    Martela o martelão
    Levante a mãozinha
    Na palma da mão
    É o bonde do tigrao
    Então martela, martela
    Martela o martelão
    Levante a mãozinha
    Na palma da mão
    É o bonde do tigrão

    REFERÊNCIAS:

    A obra do mestre do romantismo, disponível em http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1706u50.jhtm, acesso no dia 08/03/2011

    Cerol na mão (Bonde do Tigrão), disponível em http://letras.terra.com.br/bonde-do-tigrao/168650/, acesso no dia 08/03/2011

    Minha Musa, disponível em http://www.temploxv.pro.br/obraxv.aspx?Obra=5575&Entidade=1&idAutor=612, acesso no dia 08/03/2011

    O Romantismo em Portugal, disponível em http://www.brasilescola.com/literatura/o-romantismo-portugal.htm, acesso no dia 08/03/2011

    Vestibulando Digital - do Trovadorismo ao Simbolismo - profa. Edna Prado, Cultura, acesso no dia 08/03/2011

    terça-feira, 23 de março de 2010

    CONCURSO 190 ANOS DE UBERABA - ENSINO MÉDIO (DISSERTAÇÃO)

    Em parceria com a Fundação Cultural de Uberaba, será lançado um Concurso dos”190 anos de Uberaba”, para as categorias:
    · Professor ( Poema )
    · Educação Infantil 4 e 5 anos (Desenho);
    · Ciclo Inicial e Complementar de Alfabetização (Frase )
    · 1º a 5º ano do Ensino Fundamental (Frase);
    · 5ª a 8ª série e 6º a 9º ano do Ensino Fundamental (Poema) ;
    · Ensino Médio (Dissertação).
    REFERÊNCIAS PARA CONSULTA ( HISTÓRIA DE UBERABA)

    BILHARINHO, Guido (2007). Uberaba. Dois Séculos de História - dos antecedentes a 1929. Uberaba: Arquivo Público de Uberaba.

    BILHARINHO, José Soares (1980). História da Medicina em Uberaba. Volumes I a V. Uberaba: Academia de Letras do Triângulo Mineiro – Bolsa de Publicações do Município de Uberaba.

    BRAGANÇA, Décio Silva (1994). A História Viva de Uberaba, O pensamento vivo de... Uberaba. Editora Vitória.

    COUTINHO, Pedro dos Reis (2000). História dos Irmãos Maristas em Uberaba.Uberaba/Belo Horizonte: Arquivo Público de Uberaba/Centro de Estudos Maristas (BH).

    LOPES, Maria Antonieta Borges, (2007). Da Rotoplana à Rotativa- 35 anos de histórias. Uberaba. Gráfica Vitória.

    _______; BORGES, Maria Soledade Gomes ( 1998 ) Uberaba uma cidade entre sete colinas. São Paulo: Escrituras.

    _______; BICHUETTE,Mônica M. T. Vale (1986). Dominicanas: Cem anos de Missão no Brasil. Uberaba: Gráfica Vitória.

    _______; REZENDE, Eliane Marquez de (1984). Uberaba. ABCZ ( Associação Brasileira de Criadores de Zebu).

    MENDONÇA, José (1974). História de Uberaba. Uberaba: Editora da Academia Brasileira de Letras do Triângulo Mineiro.

    NABUT. Jorge Alberto (coord) (1986). Desemboque Documentário. História e Cultura. Uberaba: Fundação Cultural.

    __________. Coisas que me contaram, Crônicas que escrevi. Uberaba: Editora Vitória.

    PONTES, Hildebrando (1978). História de Uberaba e a Civilização do Brasil Central. Uberaba: Editora da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

    PRATA, Thomaz de Aquino (coord) (1987). Memória Arquiodiocese de Uberaba. Uberaba: Museu de Arte Sacra, Fundação Cultural de Uberaba.

    SAMPAIO, Antônio Borges (1971). Uberaba: História, Fatos e Homens. Uberaba: Academia de Letras do Triângulo Mineiro.
    Sites:
    www.achei.com.br/busca/uberaba.html
    azevedodafonseca.sites.uol.com.br
    www.lokaliza.com.br/sociedade/socregi.htm
    www.sitesnobrasil.com/categorias/regional/regioesmundo/americalatina/brasil/regioes/
    www.sitesnobrasil.com/directorio/e/estado-mina-gerais/guias-diretorios.htm
    www.bomsaber.com/1595.php
    br.nget.com/Estados/Prefeituras/Minas_Gerais/index.html
    www.museudapessoa.net/hotsites
    www.revelacaoonline.uniube.br/portfolio/release/release_oficial.doc
    www.aonde.com/indicacao/governo/20111.htm

    quinta-feira, 18 de março de 2010

    TROVADORISMO



    A época do trovadorismo abrange as origens da Língua Portuguesa, a língua galaico-portuguesa (o português arcaico) que compreende o período de 1189 a 1418. Portugal ocupava-se com as Cruzadas, a luta contra os mouros, e estava marcado pelo teocentrismo (universo centrado em Deus, a vida estava voltada para os valores espirituais e a salvação da alma) e pelo sistema feudal (sistema econômico e político, entre senhores e vassalos ou servos), já enfraquecido, em fase de decadência. Quando finalmente a guerra chega ao fim, começam manifestações sociais de período de paz, entre elas a literatura, e em torno dos castelos feudais também desenvolveu-se um tipo de literatura que redimensiona a visão do mundo medieval e aponta para novos caminhos, essa manifestação literária é o Trovadorismo.
    Os poetas e cronistas dessa época eram chamados de trovadores, pois no norte da França, o poeta recebia o apelativo trouvère (em Português: trovador), cujo radical é: trouver (achar), dizia-se que os poetas “achavam” sua canção e a cantavam acompanhados de instrumentos como a cítara, a viola, a lira ou a harpa. Os poemas produzidos nessa época eram feitos para serem cantados por poetas e músicos. Os trovadores tinham grande liberdade de expressão, entravam em questões políticas e exerceram destacado papel social. O primeiro texto escrito em português foi criado no século XII (1189 ou 1198) era a “Cantiga da Ribeirinha”, do poeta Paio Soares de Taveirós, dedicada a D. Maria Paes Ribeiro, a Ribeirinha. As poesias trovadorescas estão reunidas em cancioneiros ou Livros de canções. São três os cancioneiros: Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Vaticana e Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa (Colocci-Brancuti), além de um quarto livro de cantigas dedicadas à Virgem Maria pelo rei Afonso X, o Sábio. Surgiram também os textos em prosa de cronistas como Rui de Pina, Fernão Lopes e Eanes de Azuraram e as novelas de cavalaria, como A Demanda do Santo Graal.

    Tipos de Cantiga.

    Os primórdios da literatura galaico-portuguesa foram marcados pelas composições líricas destinadas ao canto. Essas cantigas dividiam-se em dois tipos:

    Refrão, caracterizadas por um estribilho repetido no final de cada estrofe,

    Mestria, que era mais trabalhada, sem algo repetitivo.

    Essas eram divididas em temas, que eram: Cantigas de Amor, Amigo e de Escárnio e Maldizer. Mas com o surgimento dos textos em prosa e novelas de cavalaria, houve uma nova “classificação”, que deixou dividido em:

    Lírico Amorosa, subdividida em: cantiga de amor e cantiga de amigo.

    Satírica, de escárnio e maldizer.


    Temas

    Cantiga de Amor

    Quem fala no poema é um homem, que se dirige a uma mulher da nobreza, geralmente casada, o amor se torna tema central do texto poético. Esse amor se torna impraticável pela situação da mulher. Segundo o homem, sua amada seria a perfeição e incomparável a nenhuma outra. O homem sofre interiormente, coloca-se em posição de servo da mulher amada. Ele cultiva esse amor em segredo, sem revelar o nome da dama, já que o homem é proibido de falar diretamente sobre seus sentimentos por ela (de acordo com as regras do amor cortês), que nem sabe dos sentimentos amorosos do trovador. Nesse tipo de cantiga há presença de refrão que insiste na idéia central, o enamorado não acha palavras muito variadas, tão intenso e maciço é o sofrimento que o tortura.

    São cantigas que espelham a vida na corte através de forte abstração e linguagem refinada.


    Cantiga de Amigo

    O trovador coloca como personagem central uma mulher da classe popular, procurando expressar o sentimento feminino através de tristes situações da vida amorosa das donzelas. Pela boca do trovador, ela canta a ausência do amigo (amado ou namorado) e desabafa o desgosto de amar e ser abandonada, em razão da guerra ou de outra mulher. Nesse tipo de poema, a moça conversa e desabafa seus sentimentos de amor com a mãe, as amigas, as árvores, as fontes, o mar, os rios, etc. É de caráter narrativo e descritivo e constituem um vivo retrato da vida campestre e do cotidiano das aldeias medievais na região.


    Cantigas de escárnio e de maldizer

    Esse tipo de cantiga procurava ridicularizar pessoas e costumes da época com produção satírica e maliciosa.

    As cantigas de escárnio são críticas, utilizando de sarcasmo e ironia, feitas de modo indireto, algumas usam palavras de duplo sentido, para que, não entenda-se o sentido real.

    As de maldizer, utilizam uma linguagem mais vulgar, referindo-se diretamente a suas personagens, com agressividade e com duras palavras, que querem dizer mal e não haverá outro modo de interpretar.

    Os temas centrais destas cantigas são as disputas políticas, as questões e ironias que os trovadores se lançam mutuamente.

    As novelas de cavalaria - Surgiram derivadas de canções de gesta e de poemas épicos medievais. Refletiam os ideais da nobreza feudal: o espírito cavalheiresco, a fidelidade, a coragem, o amor servil, mas estavam também impregnadas de elementos da mitologia céltica. A história mais conhecida é A Demanda do Santo Graal, a qual reúne dois elementos fundamentais da Idade Média quando coloca a Cavalaria a serviço da Religiosidade. Outras novelas que também merecem destaque são "José de Arimatéia" e "Amadis de Gaula".


    Autores (Trovadores)

    Os mais conhecidos trovadores foram: João Soares de Paiva, Paio Soares de Taveirós, o rei D. Dinis, João Garcia de Guilhade, Afonso Sanches, João Zorro, Aires Nunes, Nuno Fernandes Torneol.

    Paio Soares Taveiroos (ou Taveirós) era um trovador da primeira metade do século XIII. De origem nobre, é o autor da Cantiga de Amor A Ribeirinha, considerada a primeira obra em língua galaico-portuguesa.

    Dom Dinis, o Trovador, foi um rei importante para Portugal, sua lírica foi de 139 cantigas, a maioria de amor, apresentando alto domínio técnico e lirismo, tendo renovado a cultura numa época em que ela estava em decadência em terras ibéricas.

    D. Afonso X, o Sábio, foi rei de Leão e Castela. É considerado o grande renovador da cultura peninsular na segunda metade do século XIII. Acolheu na sua corte e trovadores, tendo ele próprio escrito um grande número de composições em galaico-português que ficaram conhecidas como Cantigas de Santa Maria. Promoveu, além da poesia, a historiografia, a astronomia e o direito, tendo elaborado a General Historia, a Crônica de España, Libro de los Juegos, Las Siete Partidas, Fuero Real, Libros del Saber de Astronomia, entre outras.

    D. Duarte foi o décimo primeiro rei de Portugal e o segundo da segunda dinastia. D. Duarte foi um rei dado às letras, tendo feito a tradução de autores latinos e italianos e organizando uma importante biblioteca particular. Ele próprio nas suas obras mostra conhecimento dos autores latinos. São obras suas: Livro dos Conselhos; Leal Conselheiro; Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda a Sela.

    Fernão Lopes é considerado o maior historiógrafo de língua portuguesa, aliando a investigação à preocupação pela busca da verdade. D. Duarte concedeu-lhe uma tença anual para ele se dedicar à investigação da história do reino, devendo redigir uma Crônica Geral do Reino de Portugal. Correu a província a buscar informações, informações estas que depois lhe serviram para escrever as várias crônicas (Crônica de D. Pedro I, Crônica de D. Fernando, Crônica de D. João I, Crônica de Cinco Reis de Portugal e Crônicas dos Sete Primeiros Reis de Portugal). Foi “guardador das escrituras” da Torre do Tombo.

    Frei João Álvares a pedido do Infante D. Henrique, escreveu a Crônica do Infante Santo D. Fernando. Nomeado abade do mosteiro de Paço de Sousa, dedicou-se à tradução de algumas obras pias: Regra de São Bento, os Sermões aos Irmãos do Ermo atribuídos a Santo Agostinho e o livro I daImitação de Cristo.

    Gomes Eanes de Zurara, filho de João Eanes de Zurara. Teve a seu cargo a guarda da livraria real, obtendo em 1454 o cargo de “cronista-mor” da Torre do Tombo, sucedendo assim a Fernão Lopes. Das crônicas que escreveu destacam-se: Crônica da Tomada de Ceuta, Crônica do Conde D. Pedro de Meneses, Crônica do Conde D. Duarte de Meneses e Crônica do Descobrimento e Conquista de Guiné.


    Algumas cantigas:


    CANTIGA DE AMOR - Paio Soares de Taveirós

    No mundo non me sei parelha,

    Mentre me for’como me vay

    Ca já moiro por vos – e ay!

    Mia senhor branca e vermelha,

    Queredes que vos retraya

    Quando vus eu vi em saya!

    Mao dia me levantei,

    Que vus enton non vi fea!

    E, mia senhor, des aquel di’ ay!

    Me foi a mi muyn mal,

    E vos, filha de don Paay

    Moniz, e bemvus semelha

    D’aver eu por vos guarvaya

    Pois eu, mia senhor d’alfaya

    Nunca de vos ouve, nem ei

    Valia d’ua correa.


    CANTIGA DE AMIGO - El-rei Dom Dinis

    - Ai flores, ai flores do verde pino,

    Se sabedes novas do meu amigo?

    Ai, Deus, e u é?

    Ai flores, ai flores do verde ramo,

    Se sabedes novas do meu amado?

    Ai, Deus, e u é?

    Se sabedes novas do meu amigo, Aquel que mentiu do que pôs comigo?

    Ai, Deus, e u é?


    CANTIGA DE ESCÁRNIO - Dom Afonso Sanches

    Conheceis uma donzela

    Por quem trovei e a que um dia

    Chamei dona Berinjela?

    Nunca tamanha porfia

    Vi nem mais disparatada.

    Agora que está casada

    Chamam-lhe Dona Maria.

    Algo me traz enojado,

    Assim o céu me defenda:

    Um que está a bom recato

    (negra morte o surpreenda

    e o Demônio cedo o tome!)

    quis chamá-la pelo nome

    e chamou-lhe Dona Ousenda.

    Pois que se tem por formosa

    Quanto mais achar-se pode,

    Pela Virgem gloriosa!

    Um homem que cheira a bode

    E cedo morra na forca

    Quando lhe cerrava a boca

    Chamou-lhe Dona Gondrode.


    CANTIGA DE MALDIZER -

    Afonso Eanes de Coton

    Maria Mateu, daqui vou desertar.
    De cona não achar o mal me vem.
    Aquela que a tem não ma quer dar
    e alguém que ma daria não a tem.
    Maria Mateu, Maria Mateu,
    tão desejosa sois de cona como eu!

    Quantas conas foi Deus desperdiçar
    quando aqui abundou quem as não quer!
    E a outros, fê-las muito desejar:
    a mim e a ti, ainda que mulher.
    Maria Mateu, Maria Mateu
    tão desejosa sois de cona como eu!


    FONTES:

    http://www.brasilescola.com/literatura/trovadorismo.htm

    http://cseabra.utopia.com.br/poesia/poesias/0643.html

    http://pt.wikisource.org/wiki/No_mundo_non_me_sei_parelha

    http://outrosversos.blogspot.com/2007/12/conheceis-uma-donzela-por-quem-trovei-e.html

    http://arvoresdeportugal.free.fr/OHomemeaArvore/Textos%20literarios/AiFloresAiFloresdoVerdePinoElreidomDinis.htm

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